por Bruna Motta
Há roupas que vestem o corpo.
E há lingeries que vestem a intenção.
A lingerie não é apenas tecido. É uma escolha silenciosa. É a primeira frase de uma conversa íntima — dita sem voz, apenas com o olhar.
Ao abrir a gaveta onde guardo minhas peças mais íntimas, não escolho apenas o que vestir. Escolho o que quero dizer. Cada renda, cada cor, cada detalhe tem um significado. É um código. Um convite. Uma atmosfera.
A cor fala antes de mim
👠 Vermelho: é desejo em alta voltagem. Um toque de coragem. Quando quero provocar sem precisar tocar.
🖤 Preto: clássico, misterioso, elegante. Quando quero ser enigma.
🌸 Rosa claro: doçura e delicadeza, sem abrir mão da sensualidade.
🤍 Branco: pureza fingida, jogo de contrastes.
💎 Azul-marinho ou verde-esmeralda: luxo silencioso. Para encontros onde o detalhe é rei.
Sim, a cor fala antes de mim. E muitas vezes, ela já contou a história toda antes do primeiro toque.
A textura carrega segredos
A renda não é só bonita. Ela é indecifrável. Há algo de poético nos desenhos entreabertos, como se fosse um véu entre o querer e o permitir.
O cetim, por outro lado, desliza como pensamento. Aquilo que não se segura. Aquilo que escapa, que escorrega da lógica.
O tule é provocação pura — mostra o que esconde, esconde o que mostra. É o talvez entre o sim e o não.
Cada textura é uma narrativa, e meu corpo aprende a contá-la com os movimentos.
A escolha é para mim, não só para quem vê
Sempre me perguntam: “Você escolhe a lingerie pensando em quem vai ver?”
E a resposta é: não apenas.
A primeira que precisa sentir é eu mesma. Porque há algo poderoso em saber que, sob a roupa comum, existe algo escolhido com intenção. Um segredo de mim para mim. Isso muda o andar, o olhar, o ar que respiro.
A lingerie não me faz mais sensual. Ela me lembra da mulher que sou — e que às vezes o cotidiano tenta esquecer.
A linguagem que não se ensina
Não há escola para essa linguagem.
Não se aprende com dicionário.
A gente sente.
A gente escolhe o body com as costas nuas porque quer revelar uma ausência.
A gente escolhe o sutiã de alcinhas finas porque está num dia de leveza.
A gente escolhe a cinta-liga porque… bem, porque às vezes o excesso é um elogio à própria ousadia.
E tudo isso é linguagem.
É corpo falando.
É intenção dançando entre as costuras.
O silêncio entre o vestir e o revelar
Há um momento sagrado: aquele em que a lingerie é vista pela primeira vez.
É breve.
Mas é inesquecível.
Porque não é só o corpo sendo revelado — é a história contada com delicadeza, com símbolos, com curvas de tecido.
Nesse instante, eu não sou só Bruna.
Sou a personagem que construí com minhas mãos.
Sou mulher, mistério, fantasia e presença.
Tudo ao mesmo tempo.
Sem precisar dizer uma palavra.
Se você leu até aqui, já sabe:
Lingerie não é só uma peça.
É a mais íntima das linguagens.
E eu?
Eu falo fluentemente.
💋
Bruna Motta